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A milha extra

Alguma comunicação social nacional decidiu dar, em plena silly season, atenção a Reguengos pelas piores razões; o surto de COVID19 que eclodiu na Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, e que fez, infelizmente, dezassete vítimas – dezasseis utentes do lar e uma funcionária da instituição – aproveito para dirigir publicamente as mais profundas condolências às suas famílias e amigos/as.
Esta tragédia encontra-se já a ser investigada pelo ministério público, que procura factos e provas que de facto tenha existido negligência grave na forma como foi abordada.
Até aqui tudo normal, democracia a funcionar normalmente e que todos os factos e as responsabilidades sejam apuradas até á última consequência porque é isso que todos inequivocamente esperamos.
O que não pode ser normalizado é uma espécie de jornalismo que, durante uma investigação do ministério público que se encontra a decorrer, diariamente e de forma concertada e articulada, liberta conteúdos que se destinam a fazer passar uma sensação e imagem de negligência pegando em pequenas histórias quiçá descontextualizadas, em relatos e testemunhos quiçá anónimos, impelindo ao julgamento na praça pública de matérias que pela gravidade que envolvem, têm que ser provadas em tribunal.
Uma espécie de jornalismo que escreve “alegadamente”, mas que depois afirma sem deixar qualquer margem para dúvidas, que acusa uma ministra de, pasme-se, não mentir, que não procura o tão democrático contraditório, que nunca foi ouvir o que os principais visados teriam a dizer e a explicar relativamente a algumas das histórias que cirurgicamente puseram a circular, porque muitas vezes existem explicações sensatas, porque será que nunca houve interesse em ouvir?
Porque será que extensa informação dada por entrevistados com práticas positivas e esforçadas articulações entre instituições locais foram editadas e nunca apareceram em peças televisivas transmitidas, será possível editar a verdade? Provavelmente é.
Repito: que todos os factos e as responsabilidades sejam apuradas até á última consequência porque é isso que todos inequivocamente esperamos, mas pela justiça e pelo ministério público, por quem trabalha com factos comprováveis e não meras opiniões ou hipóteses mais ou menos fantasiosas.
Lamentável ver Reguengos a ser utilizado como boomerang político por quem tenta desgastar o governo, por quiçá uma agenda escondida, sim, porque, os jornalistas também podem “eventualmente” ter agendas escondidas, ideologias políticas, quadros de valores mais ou menos conservadores e acima de tudo também podem “alegadamente” seguir linhas editoriais também elas mais ou menos conservadoras e existem “provavelmente” presidentes de concelhos de administração de grupos de media que até fundaram importantes partidos políticos do panorama político nacional, tudo isto pode ser possível e deve estar à atenção dos mais distraídos
Mais lamentável é, ainda, ver a tentativa de destruição de uma instituição do nosso concelho, a Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva que até prova em contrário é uma instituição de bem, e que por isso merece a nossa solidariedade, ser utilizada para tentar marcar pontos e uma posição política a nível local. Aprende-se depressa com os graúdos a fazer ruído e o bê á bá da política negra.

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