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Progressos e retrocessos

Numa inovação de comunicacional o governador do banco de Portugal emitiu neste mês de setembro um artigo denominado “Encruzilhada de Políticas” com alguns conteúdos que considero interessantes, escreve então o senhor governador:
“enquanto a zona Euro cresceu 15% nos primeiros 15 anos deste século, Portugal ficou-se por um parco 1%! Em contraste, desde 2015 crescemos 17% e convergimos com a área do euro, que cresceu 13%. Depois de atingir um máximo em 2019, a atividade económica recuperou rapidamente da pandemia. Em 2023, a atividade, o emprego e os salários estão em máximos, colocando a economia de novo acima dos valores potenciais.”
Acreditando nas palavras de Mário Centeno, que apesar de ter feito parte do governo entre 2015 e 2019, deve ter muito cuidado com o que diz e mais ainda com o que escreve, e que, acredito, nunca escreveria o que escreveu sem estar fundamentado em dados consistentes e independentes, estamos perante um trabalho de considerável crescimento da economia Portuguesa que não abre telejornais e não consta na capa dos principais jornais mas que nos alicerça para o futuro, e numa linha de desenvolvimento assinalável, que não seria sensato parar.
Obviamente enfrentamos grandes desafios e problemas, ninguém aqui diz que é tudo perfeito, e muitos problemas se encontram por resolver, particularmente neste momento, que é de grande sufoco financeiro para as famílias, mas devemos ser sensatos nas escolhas que fazemos, ter espirito critico mas também saber reconhecer o trabalho que se desenvolveu e se desenvolve e acima de tudo não quebrar ciclos de desenvolvimento dando lugar aos já celebres discursos “da tanga”, do nada temos, nada fazemos e nada podemos, que no fundo apenas revelam incapacidade para o desafio, esses processos de desenvolvimento, imperfeitos, diga-se, porque nunca acabados, que uma vez parados custam muito a retomar e penalizam muito os territórios pelo que necessitam, até estarem outra vez em pleno.
Os momentos e as oportunidades devem ser aproveitados, e se queremos, de facto, essa ideia do desenvolvimento, que, diga-se, é um conceito muito ocidental e eurocêntrico, devemos escolher com a razão e não alimentados pelo discurso do odio ou da insatisfação cronica, ou pior ainda do populismo, essa praga dos tempos modernos, e que será a médio prazo, isso sim, um obstáculo ao nosso desenvolvimento.
Não devemos ter, cima de tudo, a ingenuidade de achar que o que os populistas nos dizem, sem pestanejar, e apenas porque convêm, é a verdade, muitas vezes não é, o truque é baralhar até não se perceber o que é e o que não é verdade, mas a verdade é que os populistas mentem… e muito. ◄

  • Publicado no Jornal PALAVRA, edição de setembro 20023

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