Portugal é considerado um país desenvolvido apenas desde 2009, segundo a CIA (Central Intelligence Agency) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Há três décadas, ouvia-se falar muito do facto de os portugueses desprovidos de formação, considerada essencial, sentirem a necessidade de emigrar para os países do centro da Europa, considerados países desenvolvidos, de forma a que pudessem lutar mais “facilmente” por uma vida melhor. Esta necessidade fora desaparecendo ao longo dos anos, com a viva evolução do nosso país. É sabido que o valor do Produto Interno Bruto (PIB) é o fator principal para o escalonamento do país na medição económica. Contudo, existem outros fatores igualmente importantes, sendo estes o i) nível de escolaridade da população e o ii) valor das rendas de habitação (per capita).
Não esquecendo que Portugal tem uma população total de cerca de 10.3 Milhões e que, desses, apenas 6.2 Milhões tem idade superior a 25 anos, é necessário avaliar o acesso destes à educação completa (considere-se licenciatura/ BSc). Em 2019, apenas um terço destes 6.2 Milhões completaram a sua formação, o que corresponde sensivelmente a 1.9 Milhões de habitantes. Sendo que, em média, um recém-licenciado recebe o equivalente a dois salários mínimos nacionais (estipulado atualmente em 665 euros mensais) e o valor médio mensal nacional por habitação T2 (cerca de 100 metros quadrados) é de 547 euros, cada cidadão português faz a sua vida com uma taxa de esforço que ronda os 50% (em média), considerando outras eventuais despesas fixas. Feitas as contas, é fácil perceber que 2/3 da população portuguesa sobrevive com uma taxa de esforço que ronda os 75%, indicador de que o país poderá entrar em recessão económica. Talvez não façamos parte de uma nação assim tão desenvolvida…
São diversos os estudos económicos e financeiros que indicam que, num período pós pandemia, não muito longe dos dias de hoje, esperemos, o país entrará em efetiva recessão, prevendo-se uma revolução económica ao nível da aquisição de produtos e serviços, onde se inclui o mercado do arrendamento imobiliário. Sendo que uma recessão leva sempre a uma revolução, situações como a extinção de postos de trabalho, encerramento permanente de determina oferta de cursos superiores (que não sejam alvo de financiamento comunitário) e redução do período de atendimento permanente presencial poderão efetivamente fazer parte do nosso dia-a-dia. A verdade é que, em prol da extinção de determinadas atividades, surgem outras. O marketing digital e o e-commerce (comércio em plataformas digitais), onde até se incluem as teleconsultas médicas e de apoio psicológico, são áreas que não víamos serem desenvolvidas há bastante tempo, o que abre portas a uma potente alavancagem económica.◄
- Publicado no Jornal PALAVRA, edição de março 2021
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