Natural de São Pedro do Corval, Francisco Fialho é o presidente da direção da Casa de Cultura de Corval. Diz-se “uma pessoa com uma dinâmica fora do normal, que não consegue estar parado e que gosta de abraçar projetos novos e com grande ambição”. Tem 53 anos, fez estudos até ao 12º ano, tinha à sua espera, como destino, a profissão de oleiro que aprendeu com o seu pai ainda no tempo de escola. O associativismo cativou-o e “em 1986 surgiu a Rádio Corval, onde dei os primeiros passos no mundo do associativismo, entrando também para a Casa de Cultura de Corval. Primeiro comecei por fazer uns programas de Rádio, função que acumulei, pouco tempo depois com a de Comercial na angariação de publicidade. No ano de 1990, fiz uma pausa na Rádio, para cumprir o serviço militar obrigatório durante um ano, terminado o serviço militar regressei à Rádio Corval”. Em 1995 fundou a empresa Corval Som e, por causa disso, abandonou a Rádio, tornando-se empresário, conjugando o seu trabalho com a direção da Casa de Cultura de Corval.
1. Fale-nos da Casa de Cultura de Corval: fundação, objetivos, realizações mais significativas ao longo da sua história.
A Casa de Cultura de Corval, surgiu por escritura pública em 31 de outubro de 1980, no entanto foi em 1976 que tudo começou, mas uma grande indecisão quanto ao seu nome, levou a que só em 1980 fosse efetivado o seu registo. Sempre tivemos uma grande preocupação a nível desportivo e cultural, pois tivemos mais do que um jornal, teatro de fantoches e luz negra, exposições de variada ordem, intercâmbios de jovens. Sempre foi nosso objetivo cativar os jovens e não só para diversas atividades. No seu início pessoas como o Maurício Rebocho, o José Maria Conde entre muitos outros tudo fizeram para o crescimento da Casa de Cultura. Foi também a partir da Casa de Cultura e dos seus jovens da altura que surgiu a Rádio Corval. A década de 80 ficou marcada pelo surgimento do Parque Desportivo de Corval, a Pista de Atletismo, a primeira do distrito de Évora com 400 metros e 8 corredores. Na altura chegámos a ter mais de 100 atletas na modalidade de atletismo, com vários campeões regionais. No seu início também tivemos uma secção de Basquetebol. Mais recentemente surgiram a secção de BTT, a secção de Caminheiros, o Festival do Lagostim e a Escola de Futebol. No futebol o Resultado de maior destaque foi o título de campeão distrital da 2.ª Divisão, na época de 1989/1990. A estafeta dos cravos iniciada em 1975, apenas interrompida pela pandemia, continua a ser a iniciativa de cariz desportivo com maior longevidade e um marco nas comemorações do 25 de Abril do Concelho e que merecia muito mais do que tem feito por ela.
2. Quais as atividades desenvolvidas atualmente pela Casa de Cultura de Corval?
Futebol, BTT e Caminheiros são atualmente as atividades em destaque na Casa de Cultura de Corval.
3. Há quanto tempo está à frente dos destinos da Casa de Cultura de Corval?
Faz 23 anos em agosto que assumi a Presidência da Casa de Cultura de Corval, no entanto em 1992 iniciei funções pela primeira vez como dirigente desta associação, até aos dias de hoje.
4. Como está estruturada atualmente a direção e as várias secções da Casa de Cultura de Corval?
A Casa de Cultura de Corval, como a maioria das associações, tem uma Assembleia Geral (3 sócios), Conselho Fiscal(3 sócios) e Direção(9 sócios).
As seções são formadas por sócios da associação e pelo menos um elemento de cada seção faz parte da Direção.
5. Porquê o desporto como atividade principal numa associação de cariz cultural?
Hoje o desporto é a atividade principal da nossa associação, mas ele surgiu logo de princípio, primeiro com o Basquetebol, o Atletismo e o Futebol, sendo que as atividades culturais que marcaram os primeiros anos da nossa associação, com o passar do tempo foram se tornando menos intensas até que desapareceram na década de 90.
6. Depois de vários anos no ativo, a equipa de futebol sénior foi extinta. Porquê?
Nos últimos anos começámos a sentir alguma dificuldade em arranjar atletas da nossa região, sendo que com algumas parcerias com alguns empresários fizeram com que começasse a chegar atletas estrangeiros, para conseguirmos manter a equipa sénior. A pandemia COVID-19 fez com que fosse mais difícil trazer jogadores e a dificuldade em formar plantel, fez com que tomássemos a decisão de fazer uma pausa no futebol sénior, pelo menos até que a nossa formação começasse a dar resultados.
7. O que esteve na base da parceria entre a Casa de Cultura de Corval e o Sport Lisboa e Benfica para a criação da Escola de Futebol Benfica Corval?
No ano de 2012, quando estávamos a instalar o sintético no Parque Desportivo de Corval, surgiu-nos o convite por parte da Escola do Benfica de Évora para integrarmos o projeto das Escolas de Futebol do Benfica. Reunimos com o Sport Lisboa e Benfica, acordamos as condições e em setembro de 2012 iniciamos a parceria.
8. Que benefícios tem esta parceria para a Casa de Cultura do Corval?
A Marca Benfica, é uma das marcas mais fortes em Portugal e para um clube da nossa dimensão na altura, em que não tínhamos muita experiência, era um atrativo para chamar atletas, e hoje podemos afirmar que a maioria dos miúdos querem vestir a camisola do Benfica, querem ir ao estádio assistir a jogos, ao centro de estágio, jogar na liga Benfica.
9. Quais os escalões de formação da Escola de Futebol Benfica Corval e como está articulada a sua coordenação?
Temos em atividade na presente época os escalões de Petizes e Traquinas (Miúdos dos 5 aos 8 anos, que participam nos convívios Joga à Bola e Liga Benfica), Benjamins (Miúdos de 9 e 10 anos, que participam nas competições da associação de futebol de Évora em futebol de 7), Infantis (Miúdos de 11 e 12 anos, que competem em futebol de 7 e futebol de 9, competições da Associação de Futebol de Évora), Iniciados (Miúdos de 13 e 14 anos, que competem em futebol de 11 no campeonato distrital de Iniciados). Por último, surgiu mais recentemente a equipa feminina, que disputa a Taça Distrital Sub-13. A coordenação deste projecto está entregue ao Cláudio Canilhas, que para além da coordenação ainda treina a equipa de iniciados e a equipa feminina. Todos os escalões têm pelo menos um treinador e no clube existem 3 massagistas.
10. Na presente temporada a Casa de Cultura de Corval competiu com uma equipa de futebol do escalão juniores no Campeonato Distrital de Juniores da Associação de Futebol de Évora. Como decorreu esta participação e de que forma foi uma mais valia para o clube?
Com a extinção da equipa sénior, abriu-se uma porta para aparecer mais uma equipa, sendo que os miúdos nos procuraram, dizendo que queriam vestir a nossa camisola, não pensamos duas vezes e assim surgiu o escalão de juniores pela primeira vez no nosso clube. A entrega que estes atletas demonstraram ao longo da época e forma como trouxeram os pais, os irmãos, as namoradas, os amigos todos os jogos ao Parque Desportivo de Corval foi uma aposta ganha, que queremos continuar a repetir e até mesmo expandir.
11. Quantos atletas tem atualmente no seu universo, a Casa de Cultura de Corval?
Atualmente temos aproximadamente 130 atletas só no futebol, sendo que com o BTT e Caminheiros não deve fugir dos 150.
12. A formação de uma equipa feminina é uma iniciativa da Casa de Cultura de Corval e era um objetivo a alcançar na presente temporada. Quais os objetivos definidos para a recém criada equipa?
No início da época, um dos principais objetivos era a criação de uma equipa feminina, na altura não foi possível, mas em março o sonho tornou-se realidade, pois com a ajuda da Associação de Futebol de Évora na realização de uma ação de divulgação da modalidade na escola “Amarela” em Reguengos de Monsaraz, fez com que o número de miúdas duplicasse e neste momento o principal objetivo passou para a criação de 2 equipas na próxima época.
13. Quais as principais dificuldades sentidas pela Casa de Cultura de Corval?
Podemos dizer que com o crescimento alcançado esta época, agudizou os nossos problemas, pois necessitamos a curto prazo de aumentar o número de balneários, sala para os técnicos e até mais um sintético, para podermos aliviar o atual e permitir que mais equipas possam treinar e jogar ao mesmo tempo. O transporte dos atletas para os jogos não é fácil, apenas contamos com o apoio da junta de freguesia e a aquisição de carrinha é urgente, mas não temos recursos económicos para tal. No entanto, a falta de água no Parque Desportivo de Corval, pois o único poço que usamos para captação de água, já é insuficiente e o acesso à rede pública para já é impossível.
14. Que futuro se pode esperar da Casa de Cultura de Corval?
Por um lado, vejo a Casa de Cultura de Corval a Crescer de uma forma brutal, só este ano crescemos mais de 50%, por outro lado com alguma preocupação, pois as pessoas desinteressam-se cada vez mais, não conseguimos captar novos sócios, a maioria dos que existem não paga as quotas, tenho receio que o associativismo tenha os dias contados… ◄
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