O Papa Francisco apresentou hoje, dia 15 de outubro, em Roma um novo “Pacto Educativo Global”.
O convite tinha sido feito 12 de setembro de 2019 para se realizar durante o ano 2020, no sentido de “dar vida a um projeto educativo, investindo as nossas melhores energias”. Devido à pandemia não foi possível realizar qualquer iniciativa pensada neste sentido, pelo que o Pontífice entendeu avançar por, diz ele, não ser possível esperar mais tempo. O tema da educação é demasiado importante e está mais ameaçada do que nunca neste tempo de pandemia.
O Papa fala mesmo de uma “catástrofe educativa” porque cerca de dez milhões de crianças poderiam ser obrigadas a abandonar a escola por causa da crise econômica gerada pelo coronavírus. A crise, portanto, é muito mais profunda, é geral: está em crise “a nossa forma de compreender a realidade e de nos relacionarmos entre nós”. A urgência do compromisso pela educação “investindo as nossas melhores energias e iniciando também processos criativos e transformadores em colaboração com a sociedade civil” tem a ver com o facto de estar em jogo o “poder transformador da educação”. “Educar, diz o Papa, é sempre um ato de esperança que convida à comparticipação transformando a lógica estéril e paralisadora da indiferença numa lógica diferente, capaz de acolher a nossa pertença comum”.
Construir novos paradigmas para que o futuro não se construa sobre “graves injustiças sociais, violações dos direitos, pobrezas profundas e descartes humanos”. O futuro não pode ser feito “de jovens que sofram de depressão, toxicodependências, de meninas-noivas e de crianças-soldado ou de menores vendidos e escravizados” nem a partir da “divisão, o empobrecimento das faculdades de pensamento e imaginação, de escuta, diálogo e compreensão mútua”. A educação, afirma, “é, sobretudo, uma questão de amor e responsabilidade que se transmite, ao longo do tempo, de geração em geração. Por conseguinte, a educação apresenta-se como o antídoto natural à cultura individualista.”
O Pacto Educativo Global é um projeto “para e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras” que exige, diz o Papa Francisco, “audácia” ao citar a sua nova encíclica “Sejamos parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas. Hoje temos à nossa frente a grande ocasião de expressar o nosso ser irmãos, de ser outros bons samaritanos que tomam sobre si a dor dos fracassos, em vez de fomentar ódios e ressentimentos».
Na comunicação de hoje, ao apresentar o “Pacto Educativa Global” apresenta sete pontos fundamentais a ter em conta, que são sete compromissos para todos os que aderirem a este Pacto:
1 – Colocar a pessoa no centro de cada processo educativo
2 – Ouvir a voz das crianças, adolescentes e jovens a quem transmitimos valores e conhecimentos
3 – Favorecer a plena participação das meninas e adolescentes na instrução
4 – Ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador
5 – Educar e educarmo-nos para o acolhimento, abrindo-nos aos mais vulneráveis e marginalizados
6 –Encontrar outras formas de compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso, na perspetiva duma ecologia integral
7 – Guardar e cultivar a nossa casa comum, protegendo-a da exploração dos seus recursos, adotando estilos de vida mais sóbrios e apostando na utilização exclusiva de energias renováveis
e conclui dizendo: “Enfim, queridos irmãos e irmãs, queremos empenhar-nos corajosamente a dar vida, nos nossos países de origem, a um projeto educativo, investindo as nossas melhores energias e também iniciando processos criativos e transformadores em colaboração com a sociedade civil”. “É tempo de olhar em frente com coragem e esperança. Que, para isso, nos sustente a convicção de que habita na educação a semente da esperança: uma esperança de paz e justiça; uma esperança de beleza, de bondade; uma esperança de harmonia social!”