Decorre neste momento em Lisboa, na Feira do Livro, a apresentação do livro “44” do reguenguense Vasco Correia. O autor foi o vencedor do Prémio Literário FLII Palavras de Fogo 2019 conforme Palavra noticiou.
Hoje, no auditório poente decorre a apresentação no Auditório Poente, com início às 18h00. A apresentação está a cargo de Manuel Guilherme.
Perseguido pela constante imagem do número 44, o narrador Ninguém, um poeta que deixou de escrever como se fora o último Rimbaud, tenta buscar uma possível explicação para o surgimento do dito número na sua vida, estudando inclusive numerologia, astrologia, simbologia, religião, até que obteve um sonho com os seus irmãos que pereceram à nascença, cada um com o número 4 na barriga. Assim sendo, excluindo toda a interpretação de sonhos, a explicação que encontrou foi um ilusório pedido para lhes dar vida no papel. A narrativa centra-se então nas vidas distintas e complementares dos gémeos Miguel e Jorge Eduardo, dualidades de existência contraditórias inerentes ao próprio interior do indivíduo e da sua condição humana. Por um lado, a sobriedade no campo, a pintura, a contemplação, oração e um rigor virginiano, por outro, o desvairo na cidade, sua embriaguez, seus deambulantes excessos, sua escrita em fogo. É através da aniquilação, ou junção mortal, deste Apolo e deste Dioniso que nascerá a tragédia, tragédia esta real para o narrador Ninguém, que perdera os seus irmãos no seu despertar, restaurando ou relembrando, o que para ele será agora o real significado do número, uma certa noção de equilíbrio. Assim surgiu o número 44 que só o largou quando o matou em romance. Salienta- se assim uma ideia geral de harmonia, inclusive pelo próprio anagrama de quarenta e quatro que se lhe apareceu, “Que Quer Tantra”, remetendo para o desenvolvimento integral do ser humano nos seus aspetos físico, mental e espiritual.