Bloco de rega de Reguengos de Monsaraz
Iniciou-se mais uma época de regadio e os agricultores de Reguengos de Monsaraz continuam à espera da construção do bloco de rega prometido pelo governo, quando ainda era Ministro da Agricultura Capoulas Santos
Quando em setembro de 2015 a PALAVRA noticiava, em primeira mão, a possibilidade de Reguengos de Monsaraz beneficiar de 10.000 hectares de regadio, muitas foram as vozes que se manifestaram favoravelmente a esta obra e ansiavam pela sua rápida construção.
Já em fevereiro de 2018, o nosso jornal apresentava numa notícia o cronograma dos procedimentos definidos onde se previa o início da obra na segunda metade do ano 2019 e a sua conclusão em 2021.
Contactámos a EDIA no sentido de apurarmos em que ponto está a situação e conhecermos as eventuais alterações à planificação inicial de 2018. Em resposta ao nosso jornal, Carlos Silva do Gabinete de Relações Públicas e Comunicação da EDIA declarou: “A primeira fase da nova área de regadio de Reguengos foi alvo de candidatura no 1º aviso do Programa Nacional de Regadios. Uma vez que a obra ultrapassa os 50 milhões de euros, terá de haver uma aprovação prévia do Banco Europeu de Investimento (BEI). O avanço do concurso público e a sua construção está assim dependente desta aprovação”.
Após consulta no BEI sobre os projetos a ser financiados e os projetos com financiamento aprovado, não encontramos qualquer referência ao Bloco de Rega de Reguengos de Monsaraz.
A redação da PALAVRA contactou o BEI de forma a obter esclarecimentos sobre esta situação, mas até à hora de fecho do jornal não obtivemos qualquer resposta.
Segundo informação recolhida junto da EDIA, “após a resposta afirmativa do BEI o concurso público pode demorar cerca de 6 meses. De seguida a emissão do visto prévio do Tribunal de Contas pode demorar mais 2 meses”.
Como a duração da obra está prevista para cerca de dois anos, a esperança de rega efetiva que estava prevista inicialmente para o ano de 2021 fica assim adiada para o ano de 2024.
Recorde-se que o anúncio do arranque do Plano Nacional de Regadios, que teria início com a construção do bloco de rega de Reguengos de Monsaraz, foi feito pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, em 2 de fevereiro de 2018, numa das suas muitas passagens por esta cidade alentejana.
Trata-se de um investimento de 500 milhões de euros que beneficiará 90 mil hectares financiado por verbas do Programa de Desenvolvimento Rural e de dois empréstimos num total de 260 milhões de euros concedidos pelo Banco Europeu de Investimento e pelo Banco do Conselho da Europa. Já o bloco de rega de Reguengos de Monsaraz que vai receber água da Barragem de Alqueva, abrange cerca de 11 mil hectares de terra, representa um investimento de mais de 50 milhões de euros e terá impacto assinalável na cultura da vinha e do olival.
O atrasado na construção deste projeto representa para os agricultores uma esperança adiada, pois já em 2015, em declarações ao PALAVRA o enólogo Rui Veladas dizia “numa sub-região vitivinícola como a de Reguengos, em que o principal fator limitante para a cultura da vinha é a água, e perante o fenómeno cada vez mais recorrente das ondas de calor, a rega é uma ferramenta, se bem utilizada, indispensável para garantir a sustentabilidade da cultura da vinha, quer ao nível de quantidade quer da qualidade”.
Tendo em conta as alterações climáticas que também se fazem sentir na região, sobretudo no que se refere à incerteza das chuvas e às altas temperaturas, a rega é uma necessidade para ajudar a completar o ciclo das plantas como referia já em 2018 o presidente da CARMIM, Miguel Feijão: “Temos contudo a certeza que será mais fácil e mais provável que os ciclos vegetativos das plantas envolvidas sejam completados com mais segurança e que os frutos daí obtidos possam atingir as qualidades organoléticas desejadas”.◄