Sorriso no coração

A Santa Casa da Misericórdia na resposta social CAO preocupa-se pela integração dos jovens na vida ativa, através do contacto com o público e no desempenho de diversas funções. Em concreto, o Filipe Capucho, está a fazer uma experiência de socialização e de habituação ao trabalho para adquirir competências e sentido do dever no cumprimento das suas responsabilidades na Biblioteca Pública de Reguengos de Monsaraz.
A equipa que o acolheu reconhece a sua presença como um “privilégio que, de algum tempo a esta parte, nos foi possível vivenciar no nosso quotidiano profissional e pessoal com alguém especial, um ser humano com um coração do tamanho do mundo, meigo e simpático”, falam do Filipe.
É muito habitual ver as pessoas que contactam com pessoas com deficiência acabarem rendidas pelo coração tronando as dificuldades mais fáceis de superar. É isso que está a acontecer na Biblioteca pública. ” Quem está com o Filipe, ou troca “dois dedos” de conversa com ele, o dia já valeu a pena. Todos os dias o Filipe nos ensina que a vida é bem mais simples e bonita do que nós a pintamos. Um gesto, uma palavra do Filipe é o suficiente para nos deixar com um sorriso no rosto e o coração a transbordar de amor. Esperamos que esta pandemia que nos ameaça todos os dias passe depressa para voltarmos a estar juntos”.
Esta experiência “tem sido uma troca de vivências extremamente enriquecedora ao longo deste tempo”. Acreditamos que o tem sido também para o Filipe.

Contacto e tempo…

João Canha, começa por dizer “todos temos as nossas incapacidades e limites”, para nos falar da sua experiência, pessoal e profissional, com pessoas portadoras de deficiência e, continua “quando nascemos, aparentemente, sem incapacidades a vida encarrega-se de nos ir modelando pelos limites que ultrapassamos e por aqueles que nos impõe, de forma quase instantânea, acidental, ou como resultado do processo natural do crescimento humano”.
“Uma porta foi feita para se entrar e sair, para se passar por ela. Se por ela não puderem passar todas as pessoas a porta é deficiente. Deficiente não é a pessoa, mas o meio onde ela se move”. As barreiras, porém, não são todas físicas ou arquitetónicas, “outras barreiras, de muitas outras naturezas. Antes de mais as do preconceito sócio cultural” nas quais “Fomos educados para a normalidade e até nos forçámos à normalidade para sermos aceites”, como quem tem medo “que os diferentes contagiem a nossa normalidade”, por isso, tudo se torna mais fácil “fechando-os atrás das janelas da vergonha” e chamando a isso integração.
Só “o contacto com Pessoas com Deficiência, quando delas nos aproximamos, quando lhe damos tempo (…) permite perceber a pessoa que ali está, os seus sonhos, os seus desejos, bem como os seus medos e suas frustrações”.
Na sua vida profissional o que mais o impressiona é quando encontra “pais que não se ficaram na derrocada e no luto de terem uma criança com Deficiência e foram à luta (…) e encontrar profissionais que não se ficaram por encontrar nesta área um emprego, mas apaixonaram-se pelo desafio de serem suporte do desenvolvimento cidadão destas pessoas”.
Para ele, não há outra saída para a deficiência para além daquela estrada que é apresentada pelo Papa Francisco “é sempre uma questão de amor, não há outra estrada. O verdadeiro desafio é o de quem ama mais”.

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