Segundo a Plataforma de Dados Abertos Georreferenciados do Turismo de Portugal (e informação relativa a 12 de junho), o concelho de Reguengos tem oficialmente identificados 128 locais de alojamento, divididos por 22 empreendimentos turísticos (ETs), que inclui as tipologias aldeamento turístico, hotel/apartamentos, hotel rural, hotel, turismo de habitação e casa de campo, e 106 alojamentos locais (ALs), nas tipologias estabelecimento/hospedaria e moradia. No primeiro caso, e citando a mesma fonte, os ETs correspondem a um total de 585 camas fixas/utentes disponíveis e no segundo, os ALs, a uma capacidade de albergar 822 utentes. Assim, números redondos estimados, o nosso concelho tem capacidade para hospedar um pouco mais de 1400 pessoas.
O nosso jornal procurou avaliar os impactos da situação causada pela covid-19 após o fim do período de confinamento na procura turística das diferentes tipologias de alojamentos, e ainda, os efeitos mais recentes causados pelo foco da doença ocorrido na cidade.
Dado o número elevado de estabelecimentos de alojamento no concelho, contactámos os ETs com mais de 15 camas fixas/utentes (correspondendo a cerca de 73% do total de ETs) e também os ALs com capacidade para 12 ou mais utentes (correspondendo apenas a cerca de 12% do total de alojamentos locais, sendo que 60% destes alojamentos têm capacidade igual ou inferior a 6 utentes).
Quando questionámos os alojamentos sobre se o período de confinamento colocou em causa a viabilidade dos projetos, disseram-nos que não foi necessário encerrar definitivamente o alojamento, até porque alguns, de natureza mais familiar apresentam uma situação financeira mais estável e conseguiram sustentar a situação sem colocar em causa a sustentabilidade do alojamento, embora fechando portas temporariamente e suspendendo, nalguns casos, os investimentos planeados para esta época de verão. Apesar disso, a grande maioria recorreu à situação de lay-off, mas nem todos o fizeram, alguns por não estarem dentro dos parâmetros requeridos, como é o caso de sócios-gerentes dos estabelecimentos, assim nos disseram.
Após a abertura da época balnear e o fim do confinamento obrigatório, vários alojamentos tentaram beneficiar dos apoios estatais disponíveis para relançar a atividade. A grande maioria aderiu ao selo Clean and Safe e reiniciaram a atividade com grandes espectativas e um grande cuidado com a segurança dos utentes. Questionámos os alojamentos sobre se o cliente tem a preocupação de pedir informações relacionadas com a pandemia. Curiosamente, as opiniões dividem-se sobre as preocupações dos clientes face à situação. Alguns estabelecimentos referem que a existência do covid-19 é um entrave ao rejuvenescer do negócio, e que, aquando da marcação de alojamentos, os clientes questionam frequentemente sobre a situação pandémica, sobre o selo de segurança e procuram saber como está a situação a nível local. No entanto, nem sempre é assim, alguns estabelecimentos dizem-nos que as pessoas pretendem é sair do seu local de residência e a pandemia não é uma questão decisória, especialmente em alojamentos situados em locais mais isolados e distantes de centros populacionais.
O surto de covid-19 em Reguengos, além dos efeitos humanos e sociais óbvios, quebrou também muitíssimo a recuperação do negócio turístico, umas das grandes alavancas económicas do concelho. Quando questionados sobre as taxas de ocupação, alguns estabelecimentos referem-nos que tinham marcações completas para todos os fins de semana após a segunda semana de junho (a semana com dois feriados), e com o início do foco na cidade ocorreram consecutivas desmarcações a um ritmo quotidiano. Ainda há alguns utentes, maioritariamente portugueses, referem, mas as perdas económicas não têm retorno.
A maioria dos alojamentos dizem ao nosso jornal que estaria, neste período de julho, com taxas de ocupação de 100% ou muito próximo disso. Em relação ao ano passado há quebras de 60 a 90% nas taxas de ocupação. Para os próximos meses de julho e agosto, por enquanto, as marcações rondam os 50-75% da capacidade de ocupação, havendo estabelecimentos que referem números muito pouco animadores na ordem dos 20%.
Quisemos ainda saber quais as estratégias que têm sido desenvolvidas para tentar atenuar os prejuízos no setor e tentar cativar clientes. Dizem-nos que as estratégias têm passado por estabelecer parcerias e pelo aumento da divulgação de condições de segurança, especialmente em Monsaraz, área não afetada pelo foco. Outras estratégias têm passado pela baixa de preços, mas não se tem revelado muito eficiente, confessam-nos.
Sente-se nos empresários algum desagrado pela cobertura mediática que foi dada ao surto da Covid-19, localizado num lar de Reguengos e sem qualquer incidência em outros locais do concelho que habitualmente concentram a maioria do turismo da região.◄