Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, faz um balanço do ano pastoral que terminou, o seu segundo ano à frente dos destinos da Diocese, tendo em conta o contexto da pandemia que se vive no mundo. Em entrevista concedida no programa “Ser Igreja” e publicado no jornal “A Defesa”, órgão oficial da diocese.
D. Francisco recorda dos primeiros momentos em que se anunciaram as medidas de confinamento, “a incapacidade e vulnerabilidade perante algo que não se vê, que não se sente, não se palpa e não se cheira e pode estar em qualquer sítio e, sobretudo, no outro”. E continua “nós que somos cristãos, discípulos de um Mestre que tocava no leproso, que impunha as mãos no doente, que era capaz de pegar na mão da menina morta e dizer-lhe ‘levanta-te e anda’ começámos a ter cuidado para não tocar o outro, a perceber que o perigo era o outro e a entender esse enorme perigo de ver as pessoas como um perigo”.
Mas acrescenta “claro que nós sabemos que não temos medo da pessoa. Mas, a pessoa é um veículo da possibilidade da doença”. Impressionou-me, diz “Esta incapacidade de dar um beijo a uma pessoa idosa, de dar carinho a uma criança, de ser um perigo para a minha mãe”. “Impressionou-me também a incapacidade técnica do ser humano, que já criou coisas tão belas, de dar resposta a esta situação, com todos os impactos económicos e sociais”. “Percebi, diz o arcebispo, que o homem tem de compenetrar-se de duas realidades: pode ser um perigo para o outro, e não é deus de si mesmo, ou seja, não é cpaz de resolver todas as suas dificuldades nem encontrar sentido para todas as questões”.
Para o arcebispo esta pandemia veio mostrar a importância da família. “A última segurança foi a nossa família” e ainda ensinou-nos o valor da vida. “Nós vimos heróis… a dar a vida pelos outros. E neste cenário, ninguém discutiu a vida, ninguém discutiu se aquele idoso deveria ir para o fim da fila, não pusemos a vida na balança”.
Por fim, o arcebispo de Évora, sublinha a ideia deixada pelo Papa Francisco “estamos todos no mesmo barco”.
D. Francisco vai apresentar as linhas de orientação para o próximo ano pastoral no programa “Ser Igreja” que será transmitido nas rádios parceiras na na página da diocese, em dioceseevora.pt
Pode ouvir aqui o programa onde se inclui a entrevista com o arcebispo de Évora e emitido no passado dia 19 de julho.