Na habitual mensagem para o Dia Mundial da Paz que se celebra a 1 de janeiro, o Papa Francisco lança o desafio a fomentar a cultura do cuidado como forma de ultrapassar os conflitos. Uma cultura do cuidado necessita de “profetas e testemunhas” que façam a diferença a fim de “preencher tantas desigualdades sociais” que impedem a paz.

A mensagem começa com uma manifestação de solidariedade para com as vítimas da pandemia e para com os profissionais que estiveram na primeira fila a salvar vidas. “Penso, em primeiro lugar, naqueles que perderam um familiar ou uma pessoa querida, mas também em quem ficou sem trabalho. Lembro de modo especial os médicos, enfermeiras e enfermeiros, farmacêuticos, investigadores, voluntários, capelães e funcionários dos hospitais e centros de saúde, que se prodigalizaram – e continuam a fazê-lo – com grande fadiga e sacrifício, a ponto de alguns deles morrerem quando procuravam estar perto dos doentes a fim de aliviar os seus sofrimentos ou salvar-lhes a vida”

No desenvolvimento, Francisco, apresenta a cultura do cuidado desde as referências bíblicas do Antigo e do Novo Testamento onde o Pai criador e o Filho Redentor marcam a história da humanidade com a preocupação pelo homem, pela dignidade dos mais vulneráveis e pela criação, casa comum de toda a humanidade. Recorda o Papa a pessoa humana e sua dignidade e o contributo do cristianismo para a consolidação dessa dignidade na consciência que temos hoje de que “toda a pessoa humana é fim em si mesma, e nunca um mero instrumento a ser avaliado apenas pela sua utilidade: foi criada para viver em conjunto na família, na comunidade, na sociedade, onde todos os membros são iguais em dignidade. E desta dignidade derivam os direitos humanos”.

A cultura do cuidado exige a conversão do coração porque sem ela os direitos humanos serão desrespeitados e isso tem feito com que “muitas regiões e comunidades já não se recordam dos tempos em que viviam em paz e segurança.”

“As causas de conflitos são muitas, mas o resultado é sempre o mesmo: destruição e crise humanitária. Temos de parar e interrogar-nos: O que foi que levou a sentir o conflito como algo normal no mundo? E, sobretudo, como converter o nosso coração e mudar a nossa mentalidade para procurar verdadeiramente a paz na solidariedade e na fraternidade?”

O Papa denuncia o desperdício de dinheiro com armamentos, quando poderia ser utilizado “para prioridades mais significativas”, relançando a ideia de São Paulo VI de criar um “Fundo mundial” com a utilização dos recursos da corrida armamentista para o desenvolvimento dos países mais pobres.

Na cultura do cuidado é a educação é fundamental. O Papa pede a todos os que trabalham na educação “para que se possa chegar à meta duma educação «mais aberta e inclusiva”, desejando que o Pacto Educativo Global, projeto por ele apresentado “encontre ampla e variegada adesão”.

Finalmente o Papa afirma que a paz depende desta cultura do cuidado, por isso, “não cedamos à tentação de nos desinteressarmos dos outros, especialmente dos mais frágeis”.

Deixe um Comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *