D’Évora com amor é a história de um casal de artesãos, Luís e Sandra Pinto. Ela formada em Geografia e ele jornalista, decidiram mudar de vida e abandonar a capital para aproveitar tudo o que de bom o Alentejo tem para dar. Viajaram de Lisboa com destino à aldeia de Santo António do Baldio para, em 2013, concretizar um sonho antigo. Esse sonho tem transformado o barro e a madeira num casamento que retrata a vida do povo alentejano nos mais diversos cenários. Tem sido uma aventura para eles, para as duas filhas e para os que admiram o seu trabalho.
De onde surgiu a ideia de se mudarem para o Alentejo?
Já era um sonho antigo. Sempre gostámos do Alentejo e a crise que se viveu no país acabou por impulsionar a nossa saída de Lisboa. Já tínhamos uma casa de férias em São Pedro do Corval, há alguns anos, o que nos permitia ter um conhecimento da região de Monsaraz e das suas potencialidades.
De que modo o Alentejo influenciou o vosso trabalho?
Uma das principais influências que a mudança acabou por ditar no nosso trabalho foi a criação de uma linha de artigos em cerâmica figurativa dedicada ao Alentejo. Assim os “Vizinhos” começaram a ganhar forma, retratando as gentes e os lugares desta região maravilhosa. Estas peças, elaboradas em cerâmica, pretendem transmitir a essência do que é o Alentejo. O “pulsar” das aldeias e dos seus habitantes e o sentimento de paz que acompanha a vivência diária de todos.
Como funciona o vosso processo criativo?
A partir de uma ideia inicial, que parte da mera observação das pessoas nas aldeias, começo a modelar uma amálgama de barro que vai ganhando forma com a ajuda de utensílios para cerâmica.
Existem peças que falam apenas pela sua expressão corporal, outras estão envoltas num cenário, como a fachada de uma casa alentejana ou uma janela alentejana que transportam quem as vê para esta região. Temos trabalhos mais generalistas como os casais, ou as viúvas e outros mais temáticos como os que representam o Cante Alentejano e as Tabernas.
“Casar” a cerâmica com a madeira é outra das técnicas que enriquecem as nossas peças. O aproveitamento de desperdícios de madeiras antigas, como é o caso das tabernas e das mercearias antigas, permite-nos criar a base para muitos dos nossos trabalhos.
Porquê o nome D’Évora com Amor?
Essa questão é muito importante e ao mesmo tempo fácil de explicar. Numa primeira fase o nosso projeto passou pela abertura de uma loja em Évora. Este espaço esteve aberto entre 2013 e 2015, altura em que decidimos encerrar porque a gestão da loja estava a condicionar o trabalho na oficina. O nome acabou por prevalecer até devido à pressão de muitos dos nossos clientes e seguidores, nomeadamente no Facebook.
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Encerraram a loja. E como é que as pessoas conseguem encontrar-vos?
O Facebook é um espaço privilegiado para a divulgação do nosso trabalho. É aqui que vamos mostrando as novidades e, mais importante ainda, anunciamos os Mercados ou Feiras de Artesanato onde marcamos presença. Temos ainda a nossa página de Internet, que serve como catálogo, mostrando todas as peças produzidas por nós com os respetivos preços e dimensões.
Pensam alargar a temática do vosso trabalho a outras zonas do país?
Não. O nosso trabalho é sobre o Alentejo. Gostamos de nos intitular como “Alentejanos de coração”. As nossas peças são sobre esta região, as suas gentes, os seus costumes e as suas tradições. No entanto, a sua expressão corporal torna-as consensuais, permitindo que praticamente toda a gente se consiga identificar com elas.
E que projetos para o futuro?
Neste momento já está em marcha uma das principais ideias que tínhamos para a evolução do nosso trabalho. Depois de conseguir montar a nossa própria oficina, algo que aconteceu quando abandonámos a loja em Évora, estamos agora a lançar as bases para criar uma área de exposição permanente. Pensamos durante o ano de 2020 já será possível visitar as nossas peças no local onde são criadas.
Para contactar os autores: Aqui: D’Evora com amor