Em causa está a difícil situação financeira das Unidades de Cuidados Continuados por não terem merecido a atenção que era de esperar por parte do Estado, tendo em conta o papel e colaboração singulares que as Misericórdias realizam nesta área da saúde.

O presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, em comunicado enviado a todos os provedores das Santas casas a Misericórdia do país refere queas Misericórdias têm hoje graves problemas económicos, por via das suas Unidades de Cuidados Continuados, e só não desistem por “vergonha” dos seus dirigentes e pela perceção corretíssima que têm da importância destas Unidades nas Comunidades”.

Manuel Lemos refere-se à importância da integração das misericórdias na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e desta Rede no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

No entanto, insiste em dizer que o “Estado não tem sido capaz de assegurar a sustentabilidade da Rede, encontrando para ela valores justos e que assegurem a qualidade dos serviços prestados e a dignidade dos que a ela recorrem”.

Recorda Manuel Lemos que, em resposta a António Costa, quando este lhe confidenciou que “contava com o Setor Social para acrescentar mais 10.000 camas à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados”, numa reunião realizada na Fundação Gulbenkian, imediatamente, “aceitando o desafio”, fez sentir ao Primeiro Ministro que “se não revíssemos o financiamento, seria como ‘construir piscinas, mas depois não ter recursos para as encher de água!’”.

O presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias revela ainda que “em todas as reuniões em que tenho estado, nos últimos dois anos, com responsáveis do Estado português, desde o Senhor Presidente da República ao Senhor Primeiro Ministro, desde a Senhora Ministra da Saúde, à Senhora Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, tenho repetidamente suscitado (infelizmente, sem êxito) a questão do financiamento da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados”.

Os graves problemas económicos em que se encontram as Santas Casas da Misericórdia “por via das suas Unidades de Cuidados Continuados” obrigam Manuel Lemos a dizer que “só não desistem por “vergonha”.

E insiste que “tudo se agravou com a pandemia”.

Um dos problemas é a falta de profissionais de saúde. Que têm saído para o SNS, denuncia “Profissionais de saúde, sobretudo médicos e enfermeiros, a comunicar transferência para o SNS” agravado pela “proibição de acumulações” e de uma série de outros constrangimentos como são “o aumento incontrolável da despesa com EPI e outro equipamento de proteção, a diminuição permanente das taxas de ocupação” que provocaram uma diminuição das receitas e um aumento das despesas.

Manuel Lemos desafia os seus pares, os provedores de todas as Santas Casas da Misericórdia, para “encontrarmos todos, em conjunto, soluções de fundo que passam pela afirmação coletiva da nossa preocupação, mas também da vontade de continuar a servir os portugueses nesta área tão sensível do SNS”, e fazerem chegar “ao Governo um documento assinado por todos, sem exceção” para “com toda a frontalidade e determinação, sensibilizar o Estado português para a necessidade imperativa de corrigir esta situação de grave prejuízo para as pessoas e as Instituições”.

PALAVRA sabe que o mesmo problema estão a enfrentar outras Unidades de Cuidados Continuados que fazem parte da mesma Rede, mas são geridas por outras instituições à margem das Misericórdias.

 

 

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