A comunidade de Reguengos acabou de ultrapassar um surto, contudo a pandemia está previsivelmente longe do fim. Mas é preciso olhar para o passado, fazer aprendizagens e tentar fazer melhor. Porque “isto” ainda não passou.
Se por um lado ficamos consternados com o sucedido e as repercussões sociais e económicas que teve, por outro podemos ter o falso alívio que superámos e que já passou. Não só não passou, como poderá estar uma segunda vaga a caminho como se tem verificado noutros países europeus nos últimos dias.
A dificuldade das sociedades em enfrentar a infeção deve em grande parte à ação individual, aquela que nos diz respeito a nós. Há um conjunto de preconceitos que pode ajudar a explicar onde podemos falhar:
Diariamente continuam a surgir novos casos. Podemos pensar, a maioria é na região de lisboa e vale do tejo, contudo, existe pessoas assintomáticas que desconhecendo que estão infetadas deslocam-se por todo o território, sendo potenciais transmissores do vírus, sendo o Alentejo um destino turístico podemos estar suscetíveis que nos aconteça;
Outro preconceito é a ideia de que “os meus” [amigos, colegas, familiares] não estão infetados e acabamos por relaxar algumas medidas como o uso de EPI’s;
Grande parte dos novos infetados surgem de pessoas que durante a jornada de trabalho usam EPI, mas depois porque não há obrigação de confinamento, tem uma vida social ao final do dia e relaxam nas medidas preventivas (não uso de máscara, desrespeito pelo distanciamento social, esquecimento da lavagem das mãos…), fazem o seu convívio desprotegido e estão criadas condições para que haja infeção;
Outra ideia errada é prescindir de proteção nos espaços ao ar-livre, julgando que o ar é infinito e que não se propaga na nossa direção, como por magia e porque estamos ao ar livre desaparece o vírus. Acontece que desde que não esteja salvaguardada a distância de segurança estamos mesmo em perigo.
O cumprimento destas medidas não anula a probabilidade de contágio, mas reduzindo-a estamos a garantir a nossa segurança e a daqueles com quem nos relacionamos.
A próxima estação fria está a chegar e costuma ser fator de desestabilização do SNS, na incerteza de que qualquer sintoma pode ser COVID, vai ser complicado gerir esta situação ao nível da gestão da testagem de casos suspeitos, a nível dos recursos humanos nomeadamente absentismo, a nível de infraestruturas para garantir isolamento de pessoas com sintomas, entre outros.
A última palavra está na nossa postura, o poder está em nós enquanto agentes de saúde pública, quando nas nossas escolhas individuais e triviais decidimos colocar máscara, ter etiqueta respiratória, manter distanciamento e cumprir outras orientações da Direcção-Geral da Saúde em todos os momentos, não só no trabalho, mas também no lazer. ◄