No dia 3 de dezembro comemora-se o Dia Internacional das pessoas com deficiência. Reguengos de Monsaraz possui diferentes formas de trabalho, de acolhimento e desenvolvimento para pessoas portadoras de deficiência, entre as quais se contam o CAO – Centro Ocupacional de Atividades, da Santa Casa da Misericórdia e a sala de multideficiência do Agrupamento de Escolas.
Criado em 1992 pela ONU o objetivo deste dia é despertar a sociedade pata as pessoas portadoras de deficiência e perceber o lugar que elas têm na sociedade com direitos e deveres como todos os cidadãos.
PALAVRA em colaboração com o CAO da Santa Casa da Misericórdia preparou esta reportagem para despertar as consciências e valorizar a missão dos pais e instituições que têm por missão acompanhar pessoas em situação de deficiência.

Imenso e enorme túnel

Experiente, a professora Elsa Godinho, licenciada em Psicologia Educacional, pensa no futuro dos seus alunos de ensino especial. Há muito que aprendeu a “conhecer e aceitar o diferente e renovar-me a todo o momento frente ao outro, sem espaço para preconceitos, egoísmos e alienação”. Afinal, o que faz a diferença na vida destas crianças são as “pessoas que se cruzarem com elas”. E elas só precisam de “tempo e de ter quem acredite nelas”. Porque quando acreditamos nelas elas não deixam de ser o que são, mas, diz Elsa Godinho, “mas são, na verdade mais capazes, vão mais longe do que admitimos ou esperamos, mesmo tão longe como qualquer pessoa”.
O céu torna-se mais escuro para Elsa e para os seus alunos quando se fala de futuro. Depois da escola fica um imenso vazio “para muitos, especialmente para os que têm problemáticas mais severas, o que se segue é um imenso e enorme túnel, onde não descortina qualquer luz”.
É aqui que a sociedade tem que assumir um papel mais determinante, “é impreterível que a sociedade canalize todos os esforços e todos os recursos, que devem obrigatoriamente existir, que ao mesmo tempo existam políticas públicas e modelos de intervenção, não descurando nunca as respostas educativas para que se promova equidade e inclusão destes jovens e adultos na sociedade” salienta a Professora Elsa.
Apesar de muitos destes alunos terem feito todo o percurso escolar, quando chegam aos 18 anos ficam desamparados, eles e as famílias “o mercado de trabalho não prevê a integração de pessoas portadoras de deficiência”. Elsa Godinho termina com um desabafo “o que eu gostaria, mas não o posso exigir, era que todos os outros parceiros cumprissem com o seu dever de forma bem mais pragmática, com sentido prático e com eficácia e sem qualquer tipo de subterfugio, para que crianças, jovens e adultos com necessidades especiais não sentissem que a sua vida é uma agreste e dificultosa prova de barreiras e obstáculos”.

  • Publicado na edição Palavra de novembro 2020

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