A Santa Sé acabou de publicar um documento intitulado “A conversão pastoral da comunidade paroquial ao serviço da missão evangelizadora da Igreja”, mo qual propõe que as paróquias centrem a sua missão na ação missionária.
Sem deixar de entender as paróquias na sua relação com um determinado território, mas valorizando os contextos sociais e culturais. A intenção é que não se fique fechado na pertença territorial mas se chegue à experiência comunitária, à comunhão eclesial ao serviço de uma pastoral orgânica e diocesana, numa efetiva e vital colaboração entre presbíteros, diáconos, consagrados e leigos no sentido de uma maior corresponsabilidade.
Esta corresponsabilidade não significa a diluição nem a marginalização do pároco porque “O ofício de pároco não pode ser confiado a um grupo de pessoas, constituído por clérigos e leigos. Por consequência, devem-se evitar denominações como, ‘equipa guia’ ou outras semelhantes, que pareçam expressar um governo colegial da paróquia”, adverte a Santa Sé. O documento rejeita que leigos ou diáconos possam “presidir à comunidade paroquial”, por considerar que essa missão compete ao pároco.
“Parece ser mais apropriada, por exemplo, a denominação de ‘diácono cooperador’ e, para os consagrados e os leigos, de ‘coordenador pastoral’”, indica a instrução.
Em circunstâncias excepcionais, os leigos podem celebrar a Liturgia da Palavra e o rito das exéquias, administrar o Batismo e auxiliar nos matrimónio, com a permissão prévia da Santa Sé, e pregar na igreja ou no oratório, em caso de necessidade, mas “não podem em nenhum caso proferir a homilia durante a celebração da Eucaristia”.
O texto recomenda a criação de um Conselho Pastoral Paroquial, com o objetivo de “pesquisar e estudar propostas práticas em ordem às iniciativas pastorais e caritativas que dizem respeito à paróquia, em sintonia com o caminho da diocese”.
O organismo da Santa Sé toma em consideração vários projetos de reforma das comunidades paroquiais e reestruturação diocesana, que decorrem em vários países do mundo, incluindo Portugal, dedicando particular atenção à questão da “unidade e áreas pastorais”.
“A fim de valorizar uma ação evangelizadora de conjunto e um cuidado pastoral mais eficaz, convém que se constituam serviços pastorais comuns para determinados âmbitos (por exemplo, catequese, caridade, pastoral da juventude ou familiar) para as paróquias do reagrupamento, com a participação de todos os componentes do Povo de Deus, clérigos, consagrados e fiéis leigos”, refere. A ideia subjacente indica que “na Igreja há lugar para todos e todos podem encontrar o seu lugar”, procurando valorizar cada carisma e preservar a Igreja de algumas possibilidades de “desvios”, como “clericalizar” os leigos ou “laicizar” os clérigos.
O documento que pode ser lido aqui, remete às indicações do Papa Francisco, na “perspetiva de uma Igreja em saída, capaz de ir ao encontro das almas que têm fome e sede de Deus, com o olhar voltado principalmente aos mais necessitados e aos pobres”.
Outro tema abordado é o da finalidade das coletas e ofertas recolhidas na celebração da Missa e dos Sacramentos, como “uma importante forma de consciencializar a participação dos fiéis e o compromisso para com as necessidades da Igreja e sustentar a sua missão evangelizadora”.
“Trata-se de uma oferta que, por sua natureza, deve ser um ato livre da parte do ofertante, deixando a sua consciência e ao seu senso de responsabilidade eclesial, não um ‘preço a pagar’ ou uma ‘taxa a exigir’”, sublinha o Vaticano.