“Cresçamos na solidariedade, na criatividade, na busca de caminhos novos para um mundo novo, com os muitos problemas e oportunidades que temos diante. Se assim fizermos, guiados pelo Espírito do Senhor e imitando as atitudes da Mãe-Maria, sairemos desta crise com mais vida e possibilidade de enfrentar os desafios que o futuro nos apresenta”.
Foram estas as palavras do presidente da Conferência episcopal e também bispo de Setúbal, durante a homilia da procissão de velas, do dia 12 de outubro 2020, no Santuário de Fátima. E salientou o empenho de muitos durante este tempo de pandemia que estamos a atravessar, numa expressão clara da atitude solícita da Mãe.
“Pensemos, como exemplo, naqueles e naquelas que estão a fazer esforços incríveis, em condições dramáticas, para socorrer as pessoas atingidas pela pandemia, nos hospitais, nos lares, nas casas onde se vive em solidão, nos campos de refugiados sem condições, na busca soluções para todos e não apenas para alguns. Estas pessoas são expressão concreta da Mãe Maria, da Mãe Igreja, da Mãe humanidade e do carinho de Deus que nunca a abandona”. São atitudes como estas que “permitem assumir o peso da superação das crises, sem sucumbir nem ao desânimo nem à indiferença, mas contribuindo ativamente para superar as dificuldades com que nos debatemos”.
D. José Ornelas, no entanto, não deixou de criticar os populismos e populistas que também os há neste tempo de grande dificuldade em todo o mundo que “deixam sempre para trás os mais frágeis da humanidade”. O bispo de Setúbal insiste, por isso, dizendo “durante esta pandemia, a par da mais heroica abnegação e generosidade de tanta gente, têm-se manifestado também muitas e poderosas atitudes manipuladoras, populistas, interesseiras e egoístas, sem remorso de usar o sofrimento, o desconcerto, a desorientação, para daí tirar dividendos políticos e económicos, criando mesmo conflitos”.
Perante uma assembleia claramente reduzido, de cerca de 4500 peregrinos, o presidente da Conferência Episcopal recorda que “a atual contenção da presença dos peregrinos no santuário, nesta peregrinação de outubro é também sinal claro das limitações e condicionalismos que neste momento atingem o mundo, com as nefastas consequências que todos conhecemos e que atinge sobretudo os mais frágeis”. E pediu a todos uma atitude de proximidade com os mais frágeis seguindo o exemplo de Maria “imagem da proximidade com aquele que foi injustamente rejeitado, caluniado, condenado e executado”, aprendendo com ela a “cuidar dos mais frágeis e dos descartados, a coragem de partilhar a sorte dos condenados, dos excluídos, dos incómodos”.
D. José Ornelas presidirá amanhã à eucaristia do dia 13 de outubro, última peregrinação aniversário deste ano.