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53 considerações… Um ótimo e feliz dia para todos!

Sempre que termina um ano, começamos o novo ano com DESEJOS e é muito comum dizermos, “Ano novo, vida nova!” No meu caso, é tempo de me despedir das minhas “CONSIDERAÇÕES”, com a convicção que deixei parte de mim nas páginas do Jornal Palavra!
Desejo para 2023, mas não acredito, que a guerra às portas da Europa entre a Rússia e a Ucrânia termine, assim como em todas as partes onde existem conflitos no Mundo! Vivemos num mundo às avessas demonstrando o pior do ser humano, em que choramos mais por futebol do que por quem sofre e precisa, com a conivência duma comunicação social oportunista e medíocre, sobretudo, a televisiva que sempre considerei a mais democrática porque chega a todos, mas que já quase não vejo.
Desejo para 2023, mas não acredito que a vida dos portugueses melhore! Um país que tem na rua os profissionais da educação e da saúde a lutar pelas péssimas condições de trabalho diz muito das dificuldades que se avizinham para os portugueses no tempo vindouro.
Desejo para 2023, mas não acredito, que as notícias quase diárias de corrupção associada aos conflitos de interesses entre os suspeitos do costume e falo, concretamente, do perigoso e promíscuo “triângulo amoroso” entre políticos (a decisão), grandes empresários (o capital) e elite de advogados (a lei) termine no meu país em prol duma vida melhor para todos! Volvidos quase 50 anos de democracia, é vergonhoso ouvir o atual Presidente da República Portuguesa dizer que é preciso “melhorar a qualidade da democracia”.
Desejo para 2023, mas não acredito, que o Orçamento Participativo (OP) local seja levado a sério e que as propostas vencedoras sejam, realmente, executadas com a verba que lhe foi destinada! Aliás, não existe um orçamento, verdadeiramente, participativo pois, infelizmente, passou do 80 ao 8, passou dos votos fraudulentos, denunciados por mim, e, infelizmente, sem culpados, à quase ausência de votos, com a ridícula curiosidade do último OP ter mais propostas a votação do que votos nas mesmas revelando a pobreza democrática em que vivemos!
Desejo para 2023, mas não acredito, que os reguenguenses sejam melhores na separação de resíduos, que não estacionem nos lugares para deficientes e que eliminem do espaço público os dejetos dos seus animais de estimação! Acredito que Reguengos de Monsaraz pode ser o exemplo duma localidade onde existe qualidade de vida e se pode ser feliz, mas é preciso mudar a mentalidade coletiva, sobretudo, de muitos residentes resistentes, algo que considero pouco provável num futuro próximo relembrando que a vaidade não nos torna mais sábios, que o dinheiro não nos imortaliza, que a inveja é muito pior do que a cobiça, que a droga que causa maior dependência é o álcool, que o tabaco é a maior causa de morte por cancro de pulmão nos homens e a segunda nas mulheres e, por fim, que cada um fale mais de si do que dos outros.
Ao longo destes 53 meses, escrevi sobre quem sou e o que penso refletindo, livremente, as minhas preocupações! Escrevi desde temas globais a locais, de interesse coletivo a pessoais, denunciando a mentira em prol da verdade e apresentando alternativas válidas baseadas em factos. Não escrevo para concordarem comigo, antes pelo contrário, escrevo para que cada um em consciência apresente as suas posições e opiniões em temas tantas vezes provocatórios porque é preciso massa crítica para podermos evoluir enquanto comunidade civilizada.
Adianto para clarificar a comunidade local que quem deu o primeiro passo para o problema do transporte dos alunos reguenguenses para a Escola Gabriel Pereira em Évora, fui eu, o qual foi solucionado com as mesmas alternativas apresentadas por mim que há 3 anos não eram válidas, algo curioso e vergonhoso ao mesmo tempo. Neste sentido, aproveito para alertar a autarquia para que se solucione o problema da entrada de veículos, por vezes, a mais de 80km/h na cidade pela estrada da Caridade antes que se lamente no futuro algum acidente grave ou mesmo mortal.
Não me despeço, sem desejar que o jornal Palavra viva muitos mais anos, em prol da informação isenta e verdadeira, mas, e sobretudo, do conhecimento e da liberdade de expressão, para mim, a maior conquista depois do 25 de Abril de 1974, em Portugal. Um concelho do interior do país que vive com o grave problema da desertificação, SEM JORNAL LOCAL terá, inevitavelmente, uma população ainda mais desinformada, mais isolada e mais pobre. É tempo de agradecer a toda a equipa e colaboradores do jornal Palavra pelo vosso excelente e tão importante trabalho em prol da comunidade reguenguense, BEM HAJAM! É tempo de deixar o meu especial agradecimento ao seu diretor, o Padre Manuel José, pela oportunidade que me deu desde o primeiro momento em poder escrever livremente, neste espaço de índole religiosa, sem censura e, sobretudo, pela paciência de aturar o meu sistemático incumprimento no excesso de palavras escritas nas minhas CONSIDERAÇÕES, BEM HAJA!
Quem ama a vida, morrer é uma chatice! Enquanto a vida me permitir, vou procurar viver em paz divertindo-me com a descoberta do maravilhoso mundo das aves e das plantas silvestres existentes no nosso concelho! É preciso caminhar e plantar, plantar, plantar para termos futuro e para deixarmos este legado às novas gerações! É preciso sermos mais empáticos do que simpáticos! É preciso lutarmos pelas injustiças! É preciso sermos melhores seres humanos a cada dia que passa.
Recordo que nunca tive qualquer filiação partidária, o que me permite a liberdade de lutar por aquilo em que acredito, sem melindres de terceiros. Há por aí muito boa gente que não suporta que lhe roubem o protagonismo como se a nossa vida dependesse deles, por vezes, gente dum saber medíocre, duma ausência de carácter que os transforma em nulidades. Não tenho dúvidas que a pior pobreza é a pobreza de espírito. Todos nascemos ignorantes, mas um idiota, será sempre um idiota!
Com 53 anos jamais abdicarei da minha liberdade e em última instância darei a minha vida por ela! Como diria o falecido poeta brasileiro Mário Quintana “Todos esses que aí estão atravancando o meu caminho. Eles passarão… Eu passarinho!” Caro Padre Manuel José, vou continuar a levantar-me cedo para escrever e estarei disponível para contribuir com o jornal Palavra, esporadicamente, com algum tema que possa ser relevante e de interesse para a comunidade local!
Termino com duas inquietações que me acompanham desde sempre, porque pensamos e o que fazemos aqui neste maravilhoso planeta?! Despeço-me das minhas CONSIDERAÇÕES com UM ÓTIMO E FELIZ DIA PARA TODOS! ◄

Publicado no Jornal PALAVRA, edição de janeiro 2023

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