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À beira da terceira guerra mundial

Entre 1914 e 1918, o mundo presenciou a Primeira Guerra Mundial, resultando em novos países, novas políticas e uma nova consciência sobre a vida humana. Parecendo não ter aprendido nada, 21 anos depois, o ser humano vê-se envolvido de novo numa grande guerra, a Segunda Guerra Mundial, estendendo-se até 1945. Quase um século depois, em pleno período de inovação tecnológica, o mundo presencia novos atritos militares, políticos e civis ofensivos em diferentes países, como a Síria, Afeganistão, Iraque, Venezuela, Sudão do Sul, Myanmar e Ucrânia, resultando em mais de 20 milhões de refugiados.
Focando o último conflito supracitado, as tropas russas decidiram invadir a Ucrânia a 24 de fevereiro, decretando que este país se queria opor à Rússia. Em menos de duas semanas, a Rússia dizimou uma grande quantidade de cidades ucranianas, ocupando duas das suas centrais nucleares. Embora tenham já matado centenas de seres humanos, o maior medo dos restantes países é a possibilidade de existência de uma terceira guerra mundial, uma guerra nuclear.
Até à data, existem apenas cinco países no mundo com armas nucleares declaradas, sendo estes a China, França, Estados Unidos da América, Reino Unido e Rússia; embora haja outros em que se pressupõe a existência de armas nucleares não declaradas, como é o caso da Coreia do Norte. Mas a questão que o povo comum coloca é: Qual o impacto de uma guerra nuclear efetiva? Antes de mais, neste momento, já nem se colocaria a questão de ser uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia, mas sim entre a Rússia (e respetivos aliados) e o resto do mundo. Segundo um estudo efetuado pela Universidade de Princeton em New Jersey, nos Estados Unidos da América, em 2019, os resultados “seriam simplesmente devastadores”. Sendo que existem até ao momento cerca de 450 reatores nucleares ativos, distribuídos por 30 países, podemos imaginar a quantidade de hectares que seriam dizimados caso alguns destes reatores sofressem explosões semelhantes à de Chernobyl em 1986.
A par, enquanto se especula a probabilidade de existência de uma guerra nuclear a nível mundial, pois outros países afetados iriam responder da mesma forma, podemos olhar para o impacto económico-financeiro nos países vizinhos. Não só o comércio de bens e serviços, mas também o abastecimento de energia, que indiretamente representa um conjunto de serviços, entre outros; representam fluxos económicos extremamente elevados. Eliminando do mapa a Rússia e a Ucrânia do mercado das exportações, aumenta a procura sobre este tipo de bens e serviços, cuja produção não aumentou, o que leva a que seja despoletada uma inflação em formato acelerado. O aumento da cotação do barril de petróleo, que se repercutiu no último aumento dos combustíveis, é apenas um exemplo, podendo de igual forma os juros do crédito habitação e do crédito ao consumo serem afetados, levando a uma crise económica sem precedentes.◄

  • Publicado no Jornal PALAVRA, edição de março de 2022

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