Como dar a volta ao mundo em tempo recorde?

Vivemos num mundo maioritariamente rico. Contudo, tal riqueza não é considerada distribuída de forma justa. Se olharmos para os cinco continentes, apenas África e o Sudeste Asiático apresentam o menor índice de desenvolvimento, segundo a Harvard Business Review. Estes são possivelmente bons pontos para aproveitarmos para dar largos passos no planeamento de uma volta ao mundo, pois as deslocações entre países menos desenvolvimentos têm um custo muito mais baixo.
Embora Portugal esteja numa ponta da Europa Ocidental, o que dificulta a partida, podemos aproveitar esse facto para cruzarmos o Oceano Atlântico. Seja para os Estados Unidos (EUA), Canadá, México ou qualquer país do Leste da América do Sul, os voos rondam as 7 a 12 horas, porém com uma considerável diferença horária. Sendo que Nova Iorque tem uma diferença horária de 5 horas face a Portugal e que os voos usualmente rondam as 7 horas, acaba por ser equivalente a um voo de Lisboa – Madrid, pois dá a sensação de apenas 2 horas de viagem. Este poderá ser um primeiro destino.
Atualização do trajeto: Lisboa – Nova Iorque (2 horas).
Chegando ao continente americano, temos diversas opções, desde percorrer o continente até ao Perú para então podermos seguir pela Nova Zelândia, ou então cruzar simplesmente a América do Norte até ao Havai. Dada a diferença horária entre Nova Iorque e Los Angeles, entre Los Angeles e Maui, e o tempo de voo de 5 horas cada, conseguimos com que dois voos de 10 horas no total sejam equivalentes a uma viagem de apenas 4 horas, embora tenhamos o tempo da escala para troca de voo em Los Angeles. Uma vez que Los Angeles tem uma área tão grande quanto 13 vezes a cidade de Lisboa, com 5 aeroportos, o ideal será optar por voos de ligação e não por voos independentes.
Atualização do trajeto: Lisboa – Nova Iorque – Los Angeles – Maui (6 horas).
A escolha de Maui, ilha do Havai, não foi às cegas, pois é um dos destinos com mais voos diretos para Nadi, nas Ilhas Fiji, no meio do Pacífico. Este será um bom próximo destino, uma vez que se situa entre o Havai e a Austrália. Contudo, chegou a hora de viajar no tempo, pois Nadi fica a apenas 7 horas de Maui mas o fuso horário é de mais 22 horas. É agora que percebemos que o tempo que andámos a ganhar ao andar para a esquerda no globo terrestre foi perdido em apenas uma viagem de “29 horas”, mas a verdade é que vale pela experiência.
Atualização do trajeto: Lisboa – Nova Iorque – Los Angeles – Maui – Nadi (35 horas)
Agora que o momento mais alucinante da volta ao mundo passou, resta passar pela Austrália, Ásia e África para podermos regressar à Europa. Sendo que os voos continentes mais curtos de Nadi serão Nadi – Brisbane (Austrália), um voo de cerca de 4 horas, com uma diferença de horária de 2 horas, mais uma vez faz-se sentir como uma viagem Lisboa – Madrid.
Atualização do trajeto: Lisboa – Nova Iorque – Los Angeles – Maui – Nadi – Brisbane (37 horas).
Junto à Austrália, temos todo o Sudeste Asiático ao preço da chuva, de onde poderíamos fazer viagens curtas sem fim à vista por “tuta e meia”, pelo que iremos escolher Bali (Indonésia) pela sua proximidade. Trata-se de uma viagem de 6 horas, com uma diferença horária de 2 horas.
Atualização do trajeto: Lisboa – Nova Iorque – Los Angeles – Maui – Nadi – Brisbane – Bali (39 horas).
Após chegada à Ásia, vamos planear o nosso regresso até casa, passando pelo Médio Oriente e por África. Uma vez que o país africano mais perto do Médio Oriente é o Egito e que para lá chegarmos teremos de passar pelos Emirados Árabes Unidos, podemos fazer Bali – Dubai – Cairo e daí escolher a capital europeia mais próxima do Egito, Atenas (Grécia), para regressarmos a casa. Este trajeto demoraria cerca de 12 horas, descontando a diferença horária. Em pouco menos de 3 dias, conseguiríamos dar a volta mundo.
Atualização do trajeto: Lisboa – Nova Iorque – Los Angeles – Maui – Nadi – Brisbane – Bali – Dubai – Cairo – Atenas – Lisboa (51 horas).

• Publicado no Jornal PALAVRA, edição de junho 2022

Autor

Ricardo Marcão

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Gestor e Consultor de Alta Direção, Investigador em Gestão/ Gamification e Professor Universitário, nasceu em Évora em 1987.
É Engenheiro Informático pelo Instituto Superior Técnico (Licenciatura e Mestrado), onde se especializou em Sistemas de Informação Empresariais e em Sistemas Inteligentes; tirou um segundo mestrado em Gestão na Universidade Europeia, uma Pós-graduação executiva em Finanças na Católica Porto Business School e uma outra em Inovação e Estratégia na Universidade de Harvard (EUA), um MBA no Broward College em Fort Lauderdale/ Miami (EUA) e está atualmente a terminar o Doutoramento em Gestão na Universidade Europeia, onde desenvolveu um modelo de Gamification para melhoria da motivação dos colaboradores e dos resultados das organizações.
Atualmente, é Gestor de Projeto, de Equipa e de Oferta na Syone SBS Software, Investigador no CinTurs (Centro de Investigação da Universidade do Algarve) e Docente no ISLA Leiria e ISLA Gaia. Já passou pelo Grupo Capgemini SE e pela Presidência do Conselho de Ministros.
É autor e revisor de inúmeros artigos científicos, tendo muitos destes sido apresentados em conferências internacionais e intercontinentais.

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