Passou há dias o “5 de outubro”.
E estou convencida de que temos um pouco esquecido o seu significado.
É mais um feriado … olhamos para o calendário com a esperança de uma ponte ou de um fim-de-semana alargado. Só com o auxílio da comunicação social e com os discursos na Praça do Comércio recordamos a implantação da república.
Como País, parece que surgimos em 5 de outubro de 1143. Com a assinatura do Tratado de Zamora. Ao cabo e ao resto, um tratado de paz entre D. Afonso Henriques e seu primo Afonso VII de Leão.
E fomos um País de reis.
A Monarquia foi o regime político que vigorou em Portugal entre 1143 e 1910, desdobrando-se em quatro dinastias sucessivas: a de Borgonha (ou Afonsina), a de Avis, a Filipina, e a de Bragança.
Tivemos 34 reis e o último reinou por dois anos. Após o assassinato de seu pai, o Rei D. Carlos I.
Este Rei – D. Carlos I –, que ficou conhecido pelos cognomes de “O Martirizado” e “O Diplomata” foi grande apreciador do Alentejo, de comida e de caçadas. Foi, também, pintor. E passou significativa parte do seu tempo em Vila Viçosa. Num palácio que vale a pena conhecer.
O seu reinado ficou marcado pela sua ausência e por acontecimentos que estimulariam o espírito republicano e o descrédito da monarquia.
Na sequência da instauração de uma ditadura – a de João Franco, que em maio de 1906 foi chamado pelo Rei a formar governo e contrariou o que havia prometido –, em 21 de janeiro de 1908 estalou uma tentativa revolucionária, que acabou reprimida e provocou inúmeras prisões e deportações de conspiradores.
Alguns dias depois, em 1 de fevereiro de 1908, a família real portuguesa chegou a Lisboa, vinda de Vila Viçosa. No percurso entre o Terreiro do Paço e o Paço das Necessidades, na Rua do Arsenal, pouco depois das 17H00, o Rei D. Carlos I é morto, por membros da “Carbonária”, com dois tiros nas costas. É morto, também, o seu filho D. Luís Filipe, o herdeiro do trono.
Ao Rei D. Carlos I sucede o filho mais novo, D. Manuel II, então com 18 anos de idade.
E que foi o trigésimo quarto e último rei de Portugal.
Em agosto de 1910 realizaram-se eleições. O Partido Republicano duplicou o número dos seus deputados no Parlamento. E a 3 de outubro rebenta uma insurreição republicana em Lisboa, que viria a triunfar dois dias depois – no dia 5 de outubro de 1910.
Em consequência, o Rei D. Manuel II saiu do Palácio das Necessidades, foi para Mafra e daí para a Ericeira, onde embarcaria para o exílio em Inglaterra.
E aí morreu, em Twikenham, nos arredores de Londres, em 2 de julho de 1932, sufocado por um edema da glote.
Em 2023, no feriado do “5 de outubro” estamos mas é entusiasmados com o casamento da Infanta Maria Francisca de Bragança, a única filha de D. Duarte Pio de Bragança, ao que se sabe herdeiro da coroa portuguesa.
O casamento teve lugar no dia 7 de outubro.
Entre os convidados estiveram os republicanos que discursaram na antevéspera, nas celebrações dos 113 anos da implantação da República. ◄
- Publicado no Jornal PALAVRA, edição de outubro 2023
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